Niterói terá revista de cultura e economia criativa vendida por pessoas em situação de rua

Niterói agora conta com a Revista Traços, uma publicação que promove a cultura e economia criativa da cidade e a…

Niterói agora conta com a Revista Traços, uma publicação que promove a cultura e economia criativa da cidade e a reinclusão social de pessoas em situação de rua ou extrema vulnerabilidade. O projeto, que em julho foi tema de entrevista no Videocast do Diário de Niterói, é uma parceria da Prefeitura de Niterói, realizado pela Blém Estúdio de Criação, com a Associação Traços de Comunicação e Cultura, Fora da Caixa, patrocinado pela Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, e BAT Brasil.

A revista vai circular com 100 vendedores – chamados porta-vozes da Cultura – em mais de 60 pontos de vendas, distribuídos por Niterói, além do Centro e da Zona Sul da cidade do Rio. Ao entrar no projeto, cada porta-voz recebe 20 exemplares para serem vendidos. Cada revista custa R$10, dos quais o vendedor fica com R$7 e utiliza os outros R$3 para comprar um novo exemplar, mantendo o ciclo de geração de renda. Além das revistas, o porta-voz recebe crachá de identificação, colete, treinamento para vendas e acompanhamento personalizado que inclui planejamento financeiro e de vida, encaminhamentos para os acessos à rede socioassistencial e inserção em atividades e ações culturais.

Com esse processo, a Traços garante ao porta-voz da Cultura a oportunidade de obter trabalho e renda fixos. Isso proporciona ganho de autonomia e, consequentemente, condições para que ele saia do círculo da pobreza e tenha perspectivas pessoais e profissionais. A capa deste mês, com o Marcelo D2, foi lançada nesta quarta-feira (11), na Sala Nelson Pereira dos Santos. O evento contou com a apresentação dos músicos do projeto Jovem Aprendiz.

“Gostaria de dizer para cada um dos porta-vozes aqui presentes que vocês podem contar com a Prefeitura de Niterói. Vamos fazer com que essa revista chegue a um número cada vez maior de pessoas. Nós sabemos das dificuldades que vocês vivem, mas sabemos também do potencial que todos têm. Que a partir dessa oportunidade, se abram novos caminhos para vocês”, destacou o prefeito de Niterói, Axel Grael.

A Revista Traços é uma das 125 publicações de rua do mundo. A partir da venda da revista em locais de grande circulação de pessoas (como bares, restaurantes, pontos turísticos e espaços culturais da cidade), os porta-vozes conseguem superar a situação de extrema pobreza e custear gastos básicos como moradia, alimentação e saúde.

Inclusão

“A chegada da Traços a Niterói traz um duplo efeito. Ao mesmo tempo que é um espaço para a divulgação da cultura da cidade, também traz uma possibilidade de inclusão, dando o direito à cidadania, dignidade e renda para pessoas que tanto precisam disso”, explicou o diretor geral da Revista Traços, Reinaldo Gomes.

Com seis anos de veiculação em Brasília, a revista se tornou referência no meio cultural, como um espaço nobre de divulgação de artistas e ações culturais de qualidade. Nomes como Ney Matogrosso, Ellen Oléria, Hamilton de Holanda, Zélia Duncan, Camila Márdila, Murilo Grossi, Vladimir Carvalho, GOG, entre muitos outros, já foram destaque na edição do Distrito Federal. No Rio, a primeira capa, que saiu em julho, contou com a cantora e compositora Teresa Cristina.

Com o objetivo de fomentar a cultura, com inclusão e cidadania, a Traços já reincluiu socialmente mais de 170 brasilienses em situação de extrema vulnerabilidade, dando novas oportunidades para suas famílias. Em Niterói, a revista conta com apoio institucional das secretarias de Assistência Social e Economia Solidária, de Saúde, e das Culturas, além da Fundação de Artes de Niterói (FAN). Os porta-vozes sairão do hotel arrendado pela Prefeitura para acolhimento emergencial de pessoas em situação de rua e terão um ponto de apoio na Avenida Ernani do Amaral Peixoto, 116, no Centro.

“Como assistente social, fico muito empolgado com tudo aquilo que pode emancipar um usuário dos nossos serviços. E a Traços traz essa possibilidade de dar cidadania, acolher e transformar a vida de muitas pessoas”, afirma o secretário de Assistência Social e Economia Solidária, Vilde Dorian.

O secretário municipal das Culturas, Leonardo Giordano, ressaltou que a Revista Traços mostra como as políticas culturais podem atingir e transformar as mais diversas realidades.

Cultura e Assistência Social

“Além de cultura, nós estamos aqui discutindo assistência social àqueles que mais precisam ao tratar dos porta-vozes da Revista Traços. Vai trabalhar temas do município, divulgar iniciativas culturais da cidade, mas como uma potência transformadora muito grande, pois estamos falando de porta-vozes que passam a integrar essa cadeia, se transformando em trabalhadores da cultura”, avaliou o secretário.

“A Revista Traços chega em um momento muito importante e, acima de tudo, traz uma mensagem de esperança. Tenho certeza que, em breve, teremos muitos niteroienses estampados na capa da revista. Esse é um trabalho que tem o viés da solidariedade, que é uma característica tão marcante dos niteroienses”, ressaltou o presidente da Fundação de Artes de Niterói, Marcos Sabino.

Um dos porta-vozes selecionados é Manoel Carlos Torres, que está morando em um hotel emergencial onde a Prefeitura de Niterói abriga pessoas em situação de vulnerabilidade desde o início da pandemia do coronavírus. Ele falou da esperança de uma vida melhor com a participação no projeto.

“A partir do momento em que comecei a trabalhar como porta-voz da Revista Traços, tive a oportunidade de conhecer empresários, pessoas que trabalham no setor cultural e, ao mesmo tempo, ter a possibilidade de uma renda. Iniciativas como essa mostram que não podemos desistir de lutar por uma vida melhor. Nos dá esperança”, disse.

Também participaram a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros e a vereadora Verônica Lima, entre outras autoridades. A publicação tem apoio institucional da Prefeitura do Rio, além da Aliança Nacional LGBTI+; o Grupo Arco Íris; a Colmeia Carioca Coworking; e o Fundo de População das Nações Unidas.


Foto: Douglas Macedo

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