Pesquisa da UFF sobre compostos do café no combate ao câncer de próstata é premiada em congresso
Uma pesquisa desenvolvida na UFF foi reconhecida no 27º Fórum Paulista de Pesquisa em Nutrição Clínica e Experimental, durante o Congresso Ganepão 2025, um dos mais importantes eventos científicos da área no Brasil. O trabalho, que conquistou o segundo lugar na categoria Não Clínico (tema livre), se intitula “Compostos bioativos do café: métodos de extração e atividade antioxidante e citotóxica em linhagens celulares de câncer de próstata” e investiga os efeitos de diferentes extratos de café sobre células tumorais de câncer de próstata em modelo in vitro.
A pesquisa contou com a participação do professor Anderson Junger Teodoro, do Departamento de Nutrição e Dietética da UFF, e das discentes Fernanda dos Santos Ferreira, Luciana de Oliveira Silva e Carolyne Pimentel Rosado, vinculadas ao Laboratório de Biologia Celular e Nutrição, além de contar com a colaboração da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Segundo os autores, a escolha do café como objeto de estudo partiu do reconhecimento de seu papel no cotidiano brasileiro e do crescente corpo de evidências científicas que apontam os compostos bioativos da bebida – como polifenóis, ácidos clorogênicos e cafeína – como potenciais aliados na prevenção e no tratamento complementar de doenças crônicas, incluindo o câncer.
“Os resultados da pesquisa indicaram que determinados extratos do café, com diferentes formas de preparo e consumo usual, apresentam significativa atividade antioxidante e são capazes de reduzir a viabilidade de células de câncer de próstata em modelo in vitro. Esses efeitos variaram de acordo com o método de extração e torra utilizada, reforçando a importância de otimizar os processos para maximizar a eficácia dos compostos bioativos presentes. A atuação citotóxica observada abre caminho para estudos mais aprofundados sobre o potencial terapêutico do café”, explica Anderson.
Segundo o pesquisador, o consumo moderado de café, especialmente sem adição excessiva de açúcares e cremes, pode trazer benefícios à saúde, graças à presença de compostos como polifenóis, ácidos clorogênicos e cafeína. “Esses componentes apresentam propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e, como nosso estudo aponta, potencial citotóxico em células cancerígenas. No entanto, é importante lembrar que os efeitos observados ocorreram em ambiente laboratorial, e mais pesquisas são necessárias para comprovar esses benefícios em humanos”, ressalta.
Para o futuro, o docente explica que o grupo pretende avançar nos estudos em modelos animais, a fim de avaliar o comportamento dos compostos bioativos do café em um sistema biológico mais complexo. “Também estamos considerando testar diferentes variedades de café e métodos de preparo, além de explorar o isolamento de moléculas específicas com maior potencial terapêutico. Esperamos contribuir para o desenvolvimento de alimentos funcionais ou suplementos que possam ser utilizados como estratégia complementar na prevenção ou tratamento do câncer”.
A pesquisa vem sendo realizada com o suporte do Centro Integrado de Alimentos e Nutrição da UFF, criado em 2023, que tem se consolidado como referência em infraestrutura laboratorial, apoio técnico e inovação em estudos sobre alimentos e saúde pública. Além do mérito científico, o reconhecimento no Ganepão 2025 reafirma o compromisso da UFF com a formação de jovens pesquisadores e com a produção de conhecimento de impacto social.
“Esse reconhecimento é motivo de grande orgulho para a UFF, pois a universidade tem desempenhado um papel fundamental no estímulo à pesquisa científica, por meio de programas de iniciação científica, parcerias interdisciplinares e apoio à inovação. No campo da Nutrição, os pesquisadores têm investido em estudos que buscam aliar alimentos e saúde pública, promovendo soluções que vão além da sala de aula. A pesquisa premiada é um exemplo concreto de como o ambiente acadêmico da UFF favorece a formação de pesquisadores comprometidos com a ciência e com o bem-estar da população”, conclui.
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