UFF fortalece Petrópolis como capital tecnológica do estado do Rio
A consolidação de Petrópolis como a capital tecnológica do Estado do Rio de Janeiro é resultado de uma série de iniciativas estratégicas e parcerias bem-sucedidas. A Universidade Federal Fluminense (UFF) tem desempenhado um papel decisivo nesse processo, por meio de uma série de ações integradas e projetos de impacto regional. A presença da universidade na cidade vem transformando o cenário local de pesquisa, empreendedorismo e formação de mão de obra altamente qualificada.
Com projetos voltados à inovação, à formação profissional e ao desenvolvimento, a UFF tem se tornado um motor de transformação social e tecnológica na cidade serrana. Um dos pilares desse processo é o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre a UFF e a Prefeitura de Petrópolis, recentemente renovado em 2024. O convênio institucionaliza uma série de ações conjuntas entre universidade e poder público, com foco em áreas-chave como cultura, educação, patrimônio, sustentabilidade e tecnologia.
Para o professor Aníbal Alberto Vilcapoma Ignacio, diretor da Escola de Engenharia da UFF em Petrópolis, a parceria representa um avanço significativo na integração entre academia e sociedade. “Esse acordo formaliza uma relação que já vinha sendo construída com base em ações concretas. Ele nos permite alinhar metas de longo prazo e ampliar a atuação da UFF em prol do desenvolvimento de Petrópolis”, afirma o professor.
Ensino com impacto real
O curso de Engenharia de Produção da UFF em Petrópolis é um dos grandes destaques da instituição. Reconhecido com nota máxima (5) no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), a graduação adota uma metodologia inovadora baseada na Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL). Em vez de aulas teóricas convencionais, os alunos enfrentam desafios reais de empresas da região, desenvolvendo soluções práticas em contato direto com o mercado.
Empresas como a Test to Market (T2M), GE Celma, Braziline e outras multinacionais locais participam ativamente dessa dinâmica, oferecendo problemas reais para que os estudantes elaborem diagnósticos, proponham melhorias e, muitas vezes, encontrem oportunidades de estágio e emprego. “Os alunos aplicam seus conhecimentos em cenários concretos e impactam diretamente a produtividade das empresas locais”, explica Aníbal.
Esse modelo de ensino não apenas qualifica os estudantes com uma formação robusta e aplicada, como também contribui para a qualificação da mão de obra local — um dos principais pilares para a consolidação de qualquer pólo tecnológico. Um exemplo marcante desse impacto é a empresa T2M, que mencionou publicamente a UFF como um fator determinante para seu crescimento. Cerca de 70 colaboradores da empresa são egressos da universidade.
Extensão e inovação conectam grandes centros de pesquisa para transformar a cidade
A atuação da UFF em Petrópolis vai além do ensino. Projetos de pesquisa aplicada e extensão universitária têm gerado resultados expressivos em áreas estratégicas. No Laboratório de Planejamento e Controle de Produção (LPCP), iniciativas como a Fábrica Escola de Software da UFF (FEST) estão contribuindo na capacitação de mais de 400 jovens, de forma gratuita no Programa de Residência de Software do Parque Tecnológico da cidade (SERRATEC). Alunos da graduação atuam como monitores e mentores, promovendo um ciclo virtuoso de formação e inclusão produtiva.
Além disso, a universidade está desenvolvendo sistemas digitais inovadores para gestão de crises e emergências, como o sistema ‘PARI’- Prevenção, Alerta e Resposta a Incidentes é um sistema educacional de informações desenvolvido pela UFF. Seu objetivo é mapear áreas de risco, pontos de apoio e sirenes de alerta, utilizando Sistemas de Informação Geográfica (SIG). O ‘PIPA’- Plataforma Integrada de Pontos de Apoio, que organiza a logística de distribuição de donativos em situações de desastre. Essas soluções, atualmente em fase de prototipagem, nasceram de demandas concretas enfrentadas pela cidade nos últimos anos e representam a capacidade da UFF de gerar conhecimento útil e aplicado para o bem público.
A participação da universidade também se estende ao setor público: a metodologia PBL foi incorporada a projetos da Prefeitura, por meio do ‘Espaço Empreendedor’, ligado à Secretaria de Desenvolvimento de Petrópolis. A proposta é levar o olhar acadêmico para dentro da gestão pública, promovendo soluções criativas e eficientes para problemas urbanos.
Outro fator decisivo para o reconhecimento de Petrópolis como capital tecnológica é a aproximação entre a UFF e instituições de excelência, como o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), localizado no município. A parceria entre as duas instituições já permitiu que professores da UFF fossem nomeados embaixadores do LNCC, atuando como pontes para novos projetos de pesquisa científica de ponta. Cinco iniciativas da UFF podem ser selecionadas em edital interno para utilizar o supercomputador Santos Dumont em pesquisas nas áreas de ciência de dados, inteligência artificial e modelagem computacional.
A Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro (FAETERJ) inaugurou seu primeiro laboratório temático de Computação Quântica e Inteligência Artificial, com o intuito de fomentar o estudo, pesquisa e a utilização das ferramentas. A UFF articula a participação neste laboratório com acesso direto a um computador quântico — algo inédito na região.
Visão de futuro: um campus ainda mais forte
Nesse cenário, a UFF se posiciona não apenas como uma instituição de ensino, mas como uma agente estratégica de transformação. Sua contribuição direta para a formação de profissionais, geração de conhecimento e desenvolvimento de soluções inovadoras foi determinante para o título de capital tecnológica para a cidade de Petrópolis que, cada vez mais, se materializa na prática.
Com um curso já consolidado e uma rede crescente de ações, a UFF pretende ampliar sua presença em Petrópolis. O plano de longo prazo, previsto até 2030, inclui a criação de um campus mais robusto, com infraestrutura expandida e novos cursos. A parceria com a Prefeitura tem sido fundamental nesse processo, tanto no apoio logístico quanto na articulação com outros agentes locais.
“A universidade pública tem um papel essencial no desenvolvimento regional. Quando atuamos em sintonia com o poder público e a sociedade civil, conseguimos gerar impactos reais, fortalecer a economia, promover a inclusão social e valorizar a cultura local”, conclui Aníbal.
Por Fernanda Nunes
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