UFF Responde: Segurança dos alimentos – Diário de Niterói
PARA CONTATO POR WHATSAPP, CLIQUE AQUI

UFF Responde: Segurança dos alimentos


No dia 7 de junho é celebrado o Dia Mundial da Segurança dos Alimentos, uma data instituída pela ONU com o objetivo de chamar atenção para a importância de produzir, manipular e consumir alimentos de forma segura. A segurança alimentar vai muito além de evitar intoxicações: está diretamente relacionada à saúde pública, qualidade de vida e prevenção de doenças.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 600 milhões de pessoas adoeçam por ano devido ao consumo de alimentos contaminados, resultando em 420 mil mortes, sendo crianças menores de cinco anos as mais afetadas. No Brasil, os dados do Ministério da Saúde mostram que a maior parte dos casos de intoxicação alimentar ocorre em residências, locais onde a atuação da vigilância sanitária é mais limitada.

É nesse contexto que atua o Projeto de Extensão Universitária em Segurança de Alimentos da Universidade Federal Fluminense (UFF), coordenado pela professora Claudia Emília Teixeira. Com mais de 15 anos de execução, o projeto desempenha ações com foco em educação sanitária e conscientização, oferecendo cursos, palestras, oficinas escolares e publicações informativas. A proposta busca atingir tanto o público em geral quanto profissionais da área de alimentação, promovendo boas práticas e contribuindo para a produção e o consumo de alimentos mais seguros. 

Para falar sobre o projeto extensionista e explicar mais sobre a importância de se garantir a segurança dos alimentos, convidamos a professora Claudia Emília para este UFF Responde.

Como a segurança dos alimentos se relaciona com a cidadania e o direito à saúde pública?


Um alimento considerado seguro não representa risco ao consumidor, não causa danos e apresenta níveis aceitáveis de contaminantes de origem física, química e biológica. Por isso, a segurança dos alimentos é um direito fundamental para a saúde e o bem-estar das pessoas, além de ser essencial para o desenvolvimento de uma sociedade igualitária, com acesso para todos os cidadãos. Alimentos seguros são essenciais para a prevenção de doenças, contribuindo para o direito à saúde pública.

Quais são os erros mais comuns na manipulação de alimentos dentro das residências brasileiras?


Os erros mais comuns observados nos nossos cursos são: a não higienização frequente e adequada das mãos; o uso dos mesmos utensílios e tábuas de corte para produtos crus e cozidos; deixar alimentos que necessitam de refrigeração por muito tempo em temperatura ambiente; usar apenas água para higienizar alimentos que serão consumidos crus, como verduras; e descongelar alimentos em temperatura ambiente.

Como o Projeto de Extensão em Segurança de Alimentos contribui para conscientizar a população?


A ação de extensão desenvolve o pensamento crítico, permitindo que as pessoas compreendam e analisem fatores do seu cotidiano e transformem o ambiente em um espaço mais seguro para o preparo e o consumo de alimentos, garantindo saúde e bem-estar.

Realizamos atividades educativas por meio de cursos de noções básicas de higiene na manipulação de alimentos para o público em geral, com informações sobre a produção de alimentos de forma higiênica, tanto na esfera da legislação quanto na aplicabilidade. A carga horária varia entre duas e quatro horas, dependendo do público. Os cursos são geralmente presenciais, mas também podem ser oferecidos de forma remota, se necessário.

Realizamos também oficinas para crianças e adolescentes, como a “Nossa amiga geladeira”, com o objetivo de despertar no público infantil e juvenil noções sobre o armazenamento correto e seguro de alimentos. As oficinas são realizadas em escolas públicas, particulares e em eventos em praças públicas.

O projeto ainda possui um site e redes sociais como o Instagram (@alimentosuff), com publicações relacionadas aos temas de higiene, qualidade, segurança dos alimentos e legislação sanitária. Mantemos também a publicação mensal de um boletim online com notícias atualizadas da área de alimentos.

Como os conteúdos oferecidos pelo projeto (como cartilhas e oficinas) são elaborados e adaptados para diferentes públicos?


As cartilhas e oficinas são elaboradas de forma lúdica pelos alunos bolsistas, com linguagem adequada para cada tipo de público. As cartilhas têm uma linguagem clara e objetiva, com imagens que facilitam a memorização. As oficinas utilizam brincadeiras e jogos que promovem a participação e o aprendizado.

Os materiais apresentam exemplos práticos que demonstram como o conteúdo pode ser aplicado na solução de problemas do dia a dia. Utilizamos também dinâmicas, exercícios e exploramos a informação visual para facilitar a difusão do conhecimento.

Qual o impacto que ações educativas em escolas podem ter na formação de uma cultura de segurança dos alimentos desde cedo?


Percebemos que essas ações auxiliam na conscientização das crianças e adolescentes sobre as práticas corretas de manipulação. Eles aprendem como armazenar os alimentos e compreendem a importância do preparo adequado para evitar contaminações e doenças. Esses conhecimentos contribuem para a formação de indivíduos mais conscientes e responsáveis, com impacto positivo na comunidade, pois costumam ser compartilhados com os pais e irmãos.

Como o projeto avalia a eficácia de suas ações junto ao público-alvo? Há algum retorno prático ou mudança de comportamento observada? 


Antes e após os cursos, são distribuídos questionários com perguntas relacionadas ao conteúdo apresentado, para avaliar o nível de conhecimento do público e verificar se o conteúdo foi assimilado. Também aplicamos questionários para avaliação da qualidade e didática dos cursos, obtendo assim um feedback do público.

Em relação ao público infantojuvenil, conversamos com os professores das escolas participantes para avaliar o impacto das oficinas. Geralmente, o retorno é positivo, com boa assimilação do conteúdo.

Quais legislações sanitárias básicas todos os profissionais que manipulam alimentos deveriam conhecer, mesmo em contextos informais?


Principalmente a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 216, de 15 de setembro de 2004, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação e estabelece os requisitos higiênico-sanitários para o preparo dos alimentos.

No município do Rio de Janeiro, destaca-se a Portaria “N” S/IVISA-RIO nº 002, de 11 de novembro de 2020, que aprova o regulamento técnico de Boas Práticas para Estabelecimentos de Alimentos, trazendo informações complementares e mais detalhadas em relação à RDC nº 216.

 

Cláudia Emília Teixeira é médica-veterinária graduada pela UFF (1990), com mestrado (2000), doutorado (2009) e pós-doutorado (2012-2013) na área de Higiene Veterinária e Tecnologia de Produtos de Origem Animal, também pela UFF. Atuou por 10 anos na indústria de alimentos, com foco em criação, abate e processamento de carne de aves. Lecionou e coordenou cursos em instituições como a Universidade Castelo Branco e o Centro Universitário Plínio Leite entre 2000 e 2011. Desde 2013, é professora da UFF, ministrando disciplinas nas áreas de inspeção, vigilância sanitária e tecnologia de produtos como aves, ovos, mel e seus derivados. Tem experiência em controle de qualidade, análise físico-química e tecnologias como atmosfera modificada e irradiação de alimentos.

 

Por Gabriel Guimarães
Comentários
Compartilhe esta matéria:

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Quer anunciar no jornal Diário de Niterói? Clique aqui e fale diretamente com nosso atendimento publicitário.

Quer enviar uma queixa ou denúncia, ou conteúdo de interesse coletivo, escreva para noticia@diariodeniteroi.com.br ou utilize um dos canais do menu "Contatos".