PARA CONTATO POR WHATSAPP, CLIQUE AQUI

Universidade Federal Fluminense marca presença na COP 30, em Belém (PA)


Com seus rios, florestas e povos que preservam saberes ancestrais, a Amazônia volta a ser o centro das atenções globais. O bioma, símbolo da diversidade e da urgência ambiental, é palco para discussões sobre os rumos do planeta diante dos desafios das mudanças climáticas. Nesse cenário, a Universidade Federal Fluminense (UFF) marca presença na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que tem início hoje (10), em Belém (PA). Reunindo líderes mundiais, pesquisadores, representantes da sociedade civil e organizações internacionais, o evento é considerado o principal fórum global de discussão sobre o enfrentamento das mudanças climáticas e os caminhos para um desenvolvimento sustentável e inclusivo.

Professores, pesquisadores e servidores da UFF participam de diversas formas na conferência — integrando painéis de debate, apresentando resultados de pesquisas e colaborando em iniciativas de formulação de políticas públicas ambientais.

“A presença da UFF na COP 30 demonstra nosso compromisso com a sustentabilidade e com o papel da ciência em encontrar caminhos para enfrentar as mudanças climáticas. Estar nesse espaço de diálogo global é uma forma de reafirmar o valor da universidade pública, que produz conhecimento voltado para o futuro do planeta e para o bem-estar das pessoas.  Além da nossa  ampla rede de pesquisas e projetos na área, a UFF mantém, desde 1972 instalações na região amazônica, justamente para formar profissionais em diferentes realidades e contribuir com o desenvolvimento técnico e científico da região”, celebra o reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega.

A servidora Graciella Faico, da Seção de Articulação de Ações de Sustentabilidade da UFF, representa a universidade em debates voltados à atuação das instituições de ensino superior diante dos desafios ambientais globais. Entre as ações está a apresentação das Cartilhas de Boas Práticas Socioambientais da UFF, que reúnem experiências e iniciativas desenvolvidas na universidade para promover a sustentabilidade, a gestão responsável de recursos e o engajamento da comunidade acadêmica em ações de preservação ambiental.

“A proposta é inspirar tanto as ações institucionais quanto as práticas cotidianas das pessoas. Como a COP é um espaço de decisões globais sobre o clima, trazer uma experiência local, construída a partir da realidade da UFF, em diálogo com o território e com a comunidade universitária, é uma maneira de afirmar que as universidades públicas brasileiras têm muito a contribuir para a territorialização da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no cotidiano dos campi”, destaca a servidora.

A servidora também integrará o painel “Conexões Campus e Cidade, Universidade, Gestão Pública e Movimento Social em aliança por mobilidade ativa e ação climática”, juntamente com a representante da Fundação Euclides da Cunha (FEC), Flora Terra. “As duas instituições – FEC e UFF – estão apoiando o Pavilhão de Ensino Superior pelas Mudanças Climáticas, espaço dedicado à troca de experiências e boas práticas no enfrentamento da crise climática. Vamos compartilhar como as políticas públicas municipais têm impactado nossas ações para a redução das emissões de carbono”, explica. Ela acrescenta que espera aproveitar o evento para identificar inovações e novas oportunidades de financiamento em pesquisa, desenvolvimento e inovação para a fundação e para a universidade.

Entre os participantes da comunidade acadêmica no evento está o professor do Departamento de Engenharia Civil, Gilberto Figueiredo, que atuará como observador internacional da International Solar Energy Society (ISES), a Associação Internacional de Energia Solar. Diretor da Associação Brasileira de Energia Solar (ABENS) — braço da ISES no Brasil —, o docente é um dos principais especialistas do país na área de energia solar e coordena projetos na universidade voltados à transição energética e ao uso de fontes renováveis. Segundo o professor, sua participação na COP 30 representa uma oportunidade de ampliar o diálogo entre ciência, tecnologia e políticas públicas:

“Como professor da Escola de Engenharia e pesquisador na área de energia solar, estou envolvido em projetos voltados à aplicação da energia solar fotovoltaica, como a usina fotovoltaica da UFF, atualmente em fase final de construção. Também trabalhamos com soluções que integram energia solar ao ambiente construído, buscando eficiência e conforto ambiental”, explica.

Ele ainda destaca o compromisso da UFF com a formação de profissionais engajados na transição para uma matriz energética limpa como parte essencial de seu trabalho acadêmico. “Tentamos formar alunos e alunas com essa pegada sustentável, que compreendam o papel da energia renovável no contexto das mudanças climáticas e levem esse olhar para sua prática profissional”, afirma.

Durante o evento, o professor aproveitará a oportunidade para divulgar o 11º Congresso Brasileiro de Energia Solar (CBENS), que será realizado em Niterói, em outubro de 2026, e terá a UFF como instituição executora. “O CBENS chega a Niterói num momento estratégico, em que o país discute a transição energética e o papel das fontes renováveis. Trazer esse evento para a UFF é reforçar nosso compromisso com a pesquisa e com a inovação na área”, conclui Figueiredo.

Parceria UFF e Unesco qualifica o debate

A Cátedra Unesco/UFF sobre Desigualdades Globais participará da COP 30, durante o lançamento do relatório Mutirão Solidário para o Financiamento Climático Equitativo, elaborado pela Equal Rights e pelo Instituto AYA, com apoio da Open Society Foundations. O documento reúne análises sobre justiça climática e financiamento equitativo, e conta com a contribuição de Camila Moreno, pós-doutoranda sênior Faperj vinculada à Cátedra e ao Programa de Pós-Graduação em História da UFF.

Pesquisadora das relações entre governança ambiental global, descarbonização e financeirização, Camila assina um texto que discute os impactos das métricas de carbono e os desafios epistemológicos e políticos da transição climática.

“A COP 30 marca definitivamente o começo de uma nova fase — de implementação — do regime multilateral para governar o clima. Um tema central é o financiamento para as Soluções baseadas na Natureza, que poderiam responder por cerca de 30% da mitigação de gases de efeito estufa. As florestas e outros ecossistemas, assim como terras degradadas, são vistos como ‘ativos’ cada vez mais relevantes para uma economia global da restauração. Neste novo cenário, e sob a liderança do Brasil na condução do processo, é fundamental que novos mecanismos de financiamento estejam ancorados no respeito à soberania territorial e aos direitos das populações”, explica a pesquisadora.

A Cátedra Unesco/UFF é uma iniciativa da Universidade Federal Fluminense, em parceria com a UNESCO, que tem como objetivo pesquisar e compreender a formação e a reprodução das desigualdades sociais em diferentes escalas de tempo e espaço, contribuindo para o debate global sobre justiça social e climática.

Pesquisa e inovação a serviço do clima e da sociedade

Para além da teoria, projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos na UFF demonstram o alinhamento institucional aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e às metas globais de enfrentamento à crise climática. Na prática, a UFF contribui para a agenda ambiental e climática por meio de uma ampla rede que une inovação científica, impacto social e formação cidadã. 

Entre as iniciativas recentes, destaca-se o Riskclima, coordenado pelo professor Márcio Cataldi, que mapeia eventos climáticos extremos em todo o país, analisa seus efeitos sociais e propõe soluções factíveis para mitigar impactos em diferentes regiões — com especial atenção às populações tradicionais da Amazônia, sede da COP 30. 

Outro importante projeto da universidade contribuiu com a elaboração dos Planos Municipais de Redução de Riscos de Desastres (PMRR) de Niterói e Angra dos Reis, em parceria com as prefeituras e o Ministério das Cidades. A iniciativa mapeou áreas vulneráveis e propôs soluções estruturais e educativas para prevenir deslizamentos e inundações, com participação ativa das comunidades locais. Em Niterói, foram identificadas 15 comunidades em risco, enquanto em Angra dos Reis o plano envolveu 35 comunidades e resultou na captação de recursos para obras de contenção.

Outras pesquisas também refletem esse engajamento: o estudo que utiliza cascas de coco-verde como biocarvão magnético para o tratamento de águas contaminadas, o desenvolvimento de equipamentos capazes de rastrear furtos de energia elétrica e o uso da inteligência artificial para prevenir e mitigar os efeitos de chuvas extremas no Rio de Janeiro. A universidade também atua em ações de educação ambiental, como o projeto na Reserva Extrativista Marinha de Itaipu, e apoia startups de impacto socioambiental, a exemplo do Reciclotron, voltada à economia circular de resíduos eletrônicos, e do Omìayê, que transforma óleo de cozinha usado em sabão biorremediador para saneamento comunitário.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Quer anunciar no jornal Diário de Niterói? Clique aqui e fale diretamente com nosso atendimento publicitário.

Quer enviar uma queixa ou denúncia, ou conteúdo de interesse coletivo, escreva para noticia@diariodeniteroi.com.br ou utilize um dos canais do menu "Contatos".




Deixe um comentário