Entrevista com Wil Catarina

O Caderno de Cultura convida, nesta segunda abordagem, a artista  niteroiense Wil Catarina. Além de artista visual, foi a 1ª...

O Caderno de Cultura convida, nesta segunda abordagem, a artista  niteroiense Wil Catarina. Além de artista visual, foi a 1ª mulher Técnica em Estruturas Navais da Marinha, com uma carreira brilhante por lá e hoje se dedica, quase exclusivamente, às Artes Plásticas, atuando na pintura, colagem, escultura e também na elaboração artesanal de interessantes acessórios femininos.

AM – A primeira pergunta não poderia ser outra – como você foi parar numa carreira militar, com toda essa sensibilidade para as artes? Você já tinha essa tendência para o desenho?

WC – Na verdade, essa sensibilidade artística também direcionou minha atuação na Marinha, onde mesmo tendo como base o desenho técnico, também atuei na produção de artes digitais. No fundo, acabou tudo se relacionando, de um jeito ou de outro, já que o desenho artístico sempre existiu, no início como um hobby, vindo depois a se tornar uma profissão.

AM – Falando agora do tempo presente – Sei que você terminou recentemente seu curso de arte contemporânea pela UFF. E aí, como foi voltar aos estudos e estar entre as novas gerações?  Alguma dificuldade, quais foram seus maiores desafios nesse curso?

WC – Sim, com o meu ingresso na Academia, em ambiente predominantemente das novas gerações, de fato, vieram desafios, mas, escolhi, desde o princípio, abrir meus horizontes com muita experimentação e buscar novas formas de ver o mundo. Nesse sentido, foi muito rica a troca, minha história de vida me situando no mundo atual com meus amigos da universidade. Ensinei e aprendi. Acolhi e fui acolhida. Troca de afetos, acima de tudo.

AM – Tive, pessoalmente, o privilégio de assistir à sua apresentação de final de curso e, devo confessar que me surpreendi diante de uma produção totalmente nova. Como foi que isso aconteceu, conta aqui para nossos leitores:

WC – Vinda das Artes Digitais e do Desenho Técnico, ao ingressar no Curso de Artes na Universidade Federal Fluminense, pude experimentar as mais diversas possibilidades de arte. Como resultado dessas vivências, veio o meu projeto final que trouxe como ponto de partida esculturas de galhos e raízes o que, por sua vez, se desdobrou em pinturas e expressões gráficas.

AM – Vamos falar de sua trajetória – marinha – marinas e agora um trabalho com essa pegada mais terra do que mar. São esculturas grandes, uns troncos que parecem quase reais. Qual é a sua proposta? Fala um pouco do seu processo criativo, fiquei curiosa rsrs!

WC – A sustentabilidade, como base, é fator importante nos meus projetos, em especial no atual – “O que o olhar evoca” – seja na utilização da madeira disponível na natureza bem como na construção dos grandes troncos onde sua estruturação se dá apenas na fusão de cola e papel reciclado (jornais, revistas,  encartes e impressos publicitários, notas fiscais dentre outros normalmente descartados). O projeto nasce na captação de peças montadas como esculturas. Da observação das “esculturas” surgem os desenhos e pinturas, as expressões gráficas pequenas e as maiores onde aplico a escala do meu corpo. Seguindo essa escala, faço as pinturas e a seguir as grandes esculturas. Uma coisa leva a outra, desdobramentos que se complementam. Apesar da ligação imediata da árvore, troncos e raízes com a terra, a água ainda se faz presente já que grande parte dos itens foi coletada em áreas de praia, cachoeira e mangue, além dos traços, texturas e veios que lembram ondas e movimentos aquáticos.

AM – Atualmente, você está expondo na Sala de Cultura Leila Diniz, com a curadoria do, também, artista Bê Sancho. E daqui para frente quais são seus planos, pode revelar ou são segredos?

WC – Depois da temporada no MAC, desdobramos a narrativa com a mostra atual, “Outros Olhares”, que foi inaugurada em 20 de outubro, aqui na cidade, no espaço da Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, SCLD. A seguir farei outra Individual – “O que o olhar evoca”, que será aberta ao público, no próximo dia 24 de novembro, no Espaço Cultural dos Correios, quase em frente à Estação das Barcas.

AM – Que fôlego, heim, amiga! E para finalizar – em apenas uma palavra – quem é Wil Catarina?

WC – Wil Catarina é Resiliência!

Amigos do Diário de Niterói, depois dessa deliciosa entrevista fica, aqui, o convite para conhecer o trabalho dessa artista versátil e talentosa. Embora o tema seja semelhante, as exposições variam entre si, oferecendo ao visitante  diferentes experiências sensoriais. Vamos lá!

Ana Morche´é professora, artista visual e escritora.

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