A Universidade Federal Fluminense (UFF) realizou, nessa segunda-feira (17), a cerimônia de abertura da terceira edição do Novembro Negro da UFF, que este ano tem como tema “Ações Afirmativas e Bancas de Heteroidentificação: desafios e perspectivas”. A iniciativa, que integra o calendário de comemorações dos 65 anos da universidade, promove um espaço de reflexão, debate e construção coletiva sobre políticas de igualdade racial no ensino superior, abordando avanços, desafios e experiências relacionadas às ações afirmativas e às comissões de verificação étnico-racial no Brasil.
A solenidade, que reuniu autoridades, representantes institucionais e lideranças comprometidas com a equidade racial, foi presidida pelo vice-reitor da UFF, Fabio Barboza Passos, que ressaltou o compromisso da universidade com a reparação histórica e a consolidação das políticas afirmativas:
“A UFF avançou muito na promoção da igualdade racial nesta gestão. Ampliamos o sistema de cotas nos concursos, garantindo reserva de vagas também para docentes, e adotamos um modelo que permite que qualquer pessoa negra concorra a todas as vagas. Além disso, fortalecemos a formação das bancas de heteroidentificação e das comissões permanentes, como a AFIDE, e ampliamos as cotas em bolsas de graduação. Trazer este debate para dentro da universidade é fundamental para mostrar nossas ações e reafirmar nosso compromisso com o enfrentamento ao racismo” .
Participaram também da cerimônia a superintendente de Equidade, Políticas Afirmativas e Diversidade da UFF (SEPAD), Érika Frazão; a secretária de Direitos Humanos de Niterói, Cláudia Almeida; Patricia Santos (Fórum Permanente de Ações Afirmativas – FRIPERJ); Rita Montezuma (AFIDE); e Walkiria Nictheroy.
A superintendente Érika Frazão destacou o papel estratégico da universidade na consolidação das ações afirmativas e na garantia dos direitos. “É fundamental termos uma instância própria para organizar todas as políticas de ações afirmativas construídas ao longo do tempo e projetar novas diretrizes. A unificação das bancas de heteroidentificação é um avanço importante e tem sido amplamente discutido no Fórum Permanente das Políticas de Ações Afirmativas do Rio de Janeiro. Também estamos investindo na formação contínua, com cursos que fortalecem e aprimoram todo esse processo.”
Sobre as primeiras iniciativas da nova Superintendência, a gestora expôs que “a SEPAD vem se estruturando desde a criação da Coordenação de Equidade e Inclusão e já conta com ações planejadas para o próximo ano. Vamos ampliar os cursos de diversidade e inclusão, promover novas campanhas voltadas à comunidade universitária e fortalecer parcerias com coletivos negros, de gênero e diversidade, tanto internos quanto externos. Nosso compromisso é com uma universidade cada vez mais democrática e inclusiva.”
Na sequência da cerimônia, foi realizada a mesa de abertura “Por memória, reparação e justiça”, que contou com a participação de Silvana Olivieri (UFBA), Djeff Amadeus (Instituto de Defesa da População Negra – IDPN), Procurador Júlio Araújo (Ministério Público Federal) e Sandro Santos (Quilombo Cafundá-Astrogilda).
Nova estrutura fortalece as políticas afirmativas na universidade
Aprovada por unanimidade no dia 5 de novembro, em reunião ordinária do Conselho Universitário, a Superintendência de Equidade, Políticas Afirmativas e Diversidade (SEPAD) integra diretamente a Administração Central e tem a missão de formular, normatizar, planejar, executar e monitorar políticas afirmativas voltadas a questões étnico-raciais, de gêneros, sexualidades e inclusão.
A decisão fortalece ações históricas da universidade em prol da formação cidadã, da produção de conhecimento crítico e da transformação social. A construção da SEPAD contou com a articulação contínua de comissões permanentes da UFF e está alinhada às diretrizes do Plano de Desenvolvimento Institucional no eixo de Equidade, Diversidade e Inclusão.
Programação do III Novembro Negro da UFF
Ao longo de três dias, o evento reúne representantes de instituições de ensino, pesquisadores, gestores públicos, movimentos sociais e lideranças comunitárias em uma agenda plural dedicada ao fortalecimento das políticas de reparação e justiça racial.
A programação inclui mesas-redondas, exibição de filme e espaços de diálogo sobre temas como:
- Racismo histórico e contemporâneo no Brasil
- O papel das cotas na transformação das universidades
- Marcos legais das políticas afirmativas
- Classificações raciais e bancas de heteroidentificação para pessoas negras, indígenas e quilombolas
Confira aqui a programação completa.
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